terça-feira, 15 de dezembro de 2015

PF faz busca em endereços de Cunha e de ministros em nova fase da Lava Jato

Em mais uma fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal cumpre nesta terça-feira (15) mandados de busca e apreensão na residência oficial do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e dos ministros Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Henrique Eduardo Alves (Turismo), ambos do PMDB, além de outros políticos, a maioria do mesmo partido.

Um celular de Cunha foi apreendido. Houve buscas na na diretoria-geral da Câmara, órgão responsável por fechar contratos e ordenar despesas.

Fábio Cleto, aliado de Cunha que ocupava uma das vice-presidências da Caixa Econômica Federal até a semana passada, também foi alvo de busca, em São Paulo. Ele é um dos principais operadores do presidente da Câmara.

A ação da PF ainda atinge o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), apontado como interlocutor do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nos desvios da Petrobras, e a sede do PMDB em Alagoas. Embora não seja alvo direto de um mandado de busca, o presidente do Senado também é objeto desta operação. Um dos inquéritos investigados nesta fase é o dele. A operação atinge pessoas com foro privilegiado ou ligadas a eles.

Outros atingidos são o senador e ex-ministro Edison Lobão (PMDB-MA) –que é investigado no Supremo Tribunal Federal pela Lava Jato–, Nelson Bornier (PMDB-RJ), prefeito de Nova Iguaçu e aliado de Eduardo Cunha, Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, e o deputado Alexandre Santos (PMDB-RJ) –ele foi foi citado nos depoimentos do delator Fernando Soares por suposta influência em uma das diretorias da Petrobras, de acordo com reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo".

Santos foi filiado ao PSDB entre 1994 e 2003, mudou para o PP entre 2003 e 2005, e desde então está no PMDB. Baiano disse que foi apresentado por ele a Cunha em 2009.

A sede da empresa Estre em São Paulo –que tem como sócios o BTG Pactual, de André Esteves, e o fundador do grupo, Wilson Quintella Filho– também foi alvo de busca e apreensão na manhã desta terça.

Os agentes da PF estiveram também no escritório mantido pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Edifício De Paoli, na avenida Nilo Peçanha, no centro do Rio.
É o mesmo prédio onde fica a filial do Rio da empreiteira UTC.
 
PMDB
Com Cunha, ministros e parlamentares na mira, a operação da PF atingiu em cheio o PMDB. Embora não seja alvo direto de um mandado de busca, o presidente do Senado também é objeto desta operação. Um dos inquéritos investigados nesta fase é o dele. A operação atinge pessoas com foro privilegiado ou ligadas a eles.

Em julho, depois de a Polícia Federal ter realizado ações de busca e apreensão na residência de três senadores investigados na Lava Jato, Cunha fez uma provocação ao dizer que a corporação pode ir à sua casa "a hora que quiser".

Na ocasião, questionado sobre o que pensava da ação da PF e se temia que sua casa fosse alvo de uma das operações, Cunha respondeu: "Eu não sei o que eles querem comigo, mas a porta da minha casa está aberta. Vão a hora que quiser. Eu acordo às 6h. Que não cheguem antes das 6h para não me acordar".

Um chaveiro foi chamado na residência do deputado, acompanhado pela servidora que é responsável pela administração da Câmara. O local permanece isolado por três viaturas da Polícia Federal. Servidores que trabalham na residência foram impedidos de entrar. Moradores da região passam no local para fotografar a ação.

Na residência oficial do Senado, não há movimento. O carro do presidente do Senado, Renan Calheiros ( PMDB-AL), está no local. 
 
PROTEÇÃO DE PROVAS
Segundo a PF, as buscas ocorrem em endereços funcionais de investigados, sedes de empresas, escritórios de advocacia e órgãos públicos com o objetivo de "evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados".

Ainda segundo a PF, também foi autorizada apreensão de bens "que possivelmente foram adquiridos pela prática criminosa".

Além de Brasília, mandados de busca e apreensão contra Cunha, que é alvo em dois inquéritos por suspeita de ligação com o esquema de corrupção da Petrobras, são cumpridos em todos os endereços dele no Rio de Janeiro.

Celso Pansera é alvo de busca em Duque de Caxias (RJ), e Henrique Eduardo Alves, no Rio Grande do Norte.
 
CASAS CERCADAS
A residência de Cunha –ele mora na Península dos Ministros, onde fica a residência oficial da presidência da Câmara– amanheceu cercada por diversas viaturas policiais.

O movimento está sendo acompanhado pelo advogado Alexandre de Souza, filho do ex-procurador-geral da República. A ação foi pedida pela Procuradoria-Geral da República e teve aval do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki.

As casas dos congressistas em Brasília também estão cercadas.

Não há, ao menos por ora, prisões na etapa atual da operação, chamada Catilinárias.

O nome da operação é referência a uma série de discursos proferidos pelo cônsul romano Cícero por volta de 63 a.C. contra o senador Catilina, acusado de tentar derrubar a República. 
 
CUNHA
O presidente da Câmara é acusado de ser beneficiado de desvios da Petrobras. Segundo dois delatores, ele teria recebido US$ 5 milhões em propina de contratos de navios-sondas e também de um negócio fechado pela Petrobras na África que teriam abastecido contas no exterior mantidas pelo peemedebista e familiares na Suíça.

Cunha foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal pelo suposto recebimento de propina ligada a desvios na Petrobras há cerca de quatro meses, mas o STF ainda não decidiu se acolhe ou não as denúncias.

Sem o acolhimento, Cunha não é réu, somente investigado.

Há algumas explicações para a demora no STF. A primeira e mais determinante é que no Supremo há uma tradição, prevista no Regimento Interno do tribunal, de que o ministro relator do inquérito abra prazo de 15 dias para manifestação do político antes de decidir sobre a denúncia.

Ao prazo concedido à resposta prévia somam-se iniciativas tomadas pela defesa do parlamentar no STF. Seus advogados solicitaram, por exemplo, que o tribunal concedesse um prazo em dobro para a manifestação prévia, de 15 para 30 dias.

Como Teori recusou a ampliação, teve que submeter o pedido ao plenário do STF, gerando mais demora. Em setembro, a maioria dos ministros contrariou o relator e decidiu pelo dobro do prazo.

A terceira explicação para a demora se deve à própria Procuradoria. Mais de dois meses após a denúncia, o órgão fez um aditamento, dizendo que Cunha também se beneficiara indevidamente de voos de táxi aéreo como pagamento de propina. Assim, a defesa conseguiu mais prazo para a defesa prévia, com prazo novamente dobrado.

A Procuradoria já manifestou preocupação sobre o andamento do inquérito. A respeito de um pedido da defesa de Cunha para ter acesso à íntegra de documentos usados como prova, o procurador-geral da República em exercício, Eugênio Aragão, pediu a Teori que indefira pedidos "de natureza manifestamente protelatória".
 
OUTRO LADO
Um dos advogados criminalistas de Eduardo Cunha, Davi Evangelista Machado, que foi à casa do parlamentar em Brasília nesta terça-feira (15), disse que só vai se manifestar após a defesa ter pleno conhecimento dos motivos da ação da PF.

O delegado responsável pela busca e apreensão na casa do deputado autorizou a entrada no imóvel de apenas um dos advogados de Cunha, Alexandre Souza.

Já o advogado de Cunha no Conselho de Ética da Câmara, Marcelo Nobre, afirmou que a operação seu cliente só reforça a tese da defesa.

"Isso [a ação da Polícia Federal e do Ministério Público] só reforça a nossa defesa, só reforça. Porque a defesa tem dito duas questões: que não tem prova. E o que decorre da busca e apreensão na casa do meu cliente? A busca de prova. A segunda, a de que o Conselho não tem o poder investigativo, que é do Supremo Tribunal Federal", afirmou Nobre, acrescentando: "Não existe absolutamente prova nenhuma, porque a denúncia não faz prova, as delações não fazem provas." 
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Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/12/1719175-policia-federal-cumpre-mandado-de-busca-e-apreensao-na-casa-de-cunha.shtml#_=_

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Caixa 2 para Lula foi definido em reunião com Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, IESA e UTC, diz empreiteiro delator

Ricardo Pessoa apontou quais empresas participaram e como teria sido operacionalizado o repasse de R$ 2,4 milhões em dinheiro vivo para a campanha presidencial do petista em 2006

Em sua delação premiada, o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, afirmou que as empreiteiras Queiroz Galvão, IESA e Camargo Corrêa tomaram conhecimento e aceitaram pagar, junto com a sua empresa, R$ 2,4 milhões de caixa 2 para a campanha à reeleição do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

Segundo o empreiteiro, o pedido de doação “não oficial” partiu do então tesoureiro da campanha petista José de Filippi Junior, ex-secretário de Saúde do município de São Paulo para a empreiteira Queiroz Galvão, então líder do consórcio QUIP, responsável pela construção da plataforma P53 da Petrobrás junto com a Camargo Corrêa, IESA e UTC.

A solicitação, então, foi discutida em uma reunião com representantes das quatro empresas, incluindo Pessoa representando a UTC. “O atendimento da solicitação (de dinheiro vivo para a campanha de Lula) foi aprovado pelo conselho da QUIP, em uma reunião entre o declarante (UTC), Ildefonso Colares (então presidente da Queiroz Galvão), Valdir Carreiro (executivo da Iesa) e Camerato (executivo da Camargo Corrêa)”, relatou o dono da UTC aos investigadores.

No encontro teria ficado definido que Pessoa seria o responsável por operacionalizar os repasses em espécia “em razão de sua proximidade com Filippi e da facilidade logística pelo fato de ambos estarem em São Paulo”. Ainda de acordo com o delator, os recursos do caixa 2 vieram do dinheiro recebido pelo consórcio pelas obras da P53 “mediante a utilização da empresa Quadrix, no exterior”.

O dinheiro foi entregue a Pessoa por um representante do consórcio QUIP na UTC e, a partir daí, teriam sido feitas três entregas diretamente a Filippi no comitê de campanha de Lula na Av. Indianópolis, na capital paulista, totalizando os R$ 2,4 milhões. Pessoa disse que fez duas entregas pessoais e Filippi e que seu funcionário Walmir Pinheiro fez a terceira.

Na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral, constam quatro doações oficiais da UTC para o comitê da campanha presidencial petista totalizando R$ 1,2 milhão, valor que o próprio Pessoa admitiu em sua delação ter repassado oficialmente para a campanha petista sem relação com o caixa 2 envolvendo o esquema de corrupção na Petrobrás.

O PT e a assessoria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quiseram comentar o caso. A Camargo Corrêa e a UTC não responderam aos contatos da reportagem. A reportagem não localizou representantes da Iesa para comentar o caso.

COM A PALAVRA, A QUEIROZ GALVÃO:

“Queiroz Galvão esclarece que as atividades da companhia são pautadas pelo respeito aos padrões internacionais de ética corporativa.”

COM A PALAVRA, JOSÉ DE FILIPPI JÚNIOR:

“Em relação às informações prestadas pelo sr. Ricardo Pessoa, cabe esclarecer novamente que:
 Não solicitei a qualquer pessoa que pedisse ou retirasse qualquer quantia em dinheiro em meu nome;
Todas as contribuições de campanha política que solicitei ao senhor Ricardo Pessoa foram recebidas formalmente via Transferência Eletrônica Direta (TED) e devidamente registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral;
3. Refuto veementemente todas as acusações que o Sr. Ricardo Pessoa dirige a mim;
Ao longo de mais de 20 anos, ocupei cinco mandatos populares, tosos eles conquistados sobretudo pela confiança que a população de Diadema me conferiu. Jamais solicitei ou recebi vantagens indevidas nos cargos que exerci. Este é meu maior patrimônio e que ninguém irá me tirar;
Continuo à disposição das autoridades competentes para prestar os devidos esclarecimentos.
Atenciosamente,
José de Filippi Jr.
Ex-prefeito de Diadema por três mandatos e ex-deputado estadual e federal pelo PT”
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Fonte: http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/caixa-2-para-lula-foi-definido-em-reuniao-com-queiroz-galvao-camargo-correa-iesa-e-utc-diz-empreiteiro-delator/

domingo, 13 de dezembro de 2015

Protestos deste domingo prometem pressionar Congresso

Atos anti-Dilma foram convocados por grupos como Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre em
mais de 100 cidades 

Os movimentos que organizaram os três grandes protestos de rua para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff marcaram para hoje novos atos, desta vez com o objetivo de emparedar o Congresso. Se em abril, maio e agosto as manifestações eram a forma de pressão para que o pedido de impedimento fosse aceito, a partir do acolhimento, no dia 2, as ruas passaram a ser consideradas tanto pelo governo quanto pela oposição como o termômetro para a tramitação do processo no Parlamento.


Fonte: http://politica.estadao.com.br/aovivo/protestos-13dezembro-dilma