Pescávamos há duas luas na Lagoa do Bom Fim, quando, em uma manhã ensolarada de domingo, o sol já cozinhava as nossas costas e estava quase a pino.
A lagoa não estava muito para peixe e a fome apertava. Já havíamos mergulhado por toda a costa da Ponta Funda e região, quando, ao longe, avistamos a figura de um pescador com uma tarrafa, a lançar a mesma e recolher em seguida.
A Ponta Funda, parte da lagoa, localizada no extremo sudeste do Bom Fim, tem como principal característica a sua grande profundidade e verticalidade da íngreme encosta que a circula.
Esfomeados, e esta é a melhor descrição que encontro para indicar nosso estado, saimos nadando lagoa a dentro em direção aquele pescador que ao longe víamos e que continuara com sua pescaria desapercebido de nossas presenças subaquáticas.
Apesar de curta e distância em metros, para o traslado de um lado ao outro da Ponta Funda, quanto mais nadávamos parecia que mais distante ficava a outra margem. E após uma longa e flagelada travessia aportamos a outra margem e, somente então, constatamos que aquele pescador, na verdade, era o nosso querido e conhecidíssimo Bibico, o Pescador.
O encontro foi fraterno e após uma curta conversa, o Pescador, percebendo o nosso estado, nos convidou para uma refeição integralmente composta de batatas doces e agua. Aquelas batatas estavam tão saborosas que, confesso, jamais provei prato igual em toda a minha vida.
Todavia, jamais consegui distinguir se eram as batatas do pescador as melhores do mundo ou se a nossa fome deram o toque culinário mágico ao prato.
De certo, saciamos a nossa fome e, após vencer o cansaço, seguimos pescando e deixamos o pescador continuar o seu ofício.
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