domingo, 20 de junho de 2010

O MUNDO PERDEU SARAMAGO


Não me Peçam Razões...


Não me peçam razões, que não as tenho,

Ou darei quantas queiram: bem sabemos

Que razões são palavras, todas nascem

Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda

A força de maré que me enche o peito,

Este estar mal no mundo e nesta lei:

Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,

Deste modo de amar e destruir:

Quando a noite é de mais é que amanhece

A cor de primavera que há-de vir.

...

Saramago nasceu na vila de Azinhaga, no concelho da Golegã, de uma família de pais e avós pobres. A vida simples, passada em grande parte em Lisboa, para onde a família se muda em 1924 – era um menino de apenas dois anos de idade – impede-o de entrar na universidade, apesar do gosto que demonstra desde cedo pelos estudos. Para garantir o seu sustento, formou-se numa escola técnica. O seu primeiro emprego foi serralheiro mecânico. Entretanto, fascinado pelos livros, à noite visitava com grande frequência a Biblioteca Municipal Central — Palácio Galveias na capital portuguesa.


Saramago faleceu no dia 18 de junho de 2010 e teve seus restos mortais cremados neste domingo, aos 87 anos de idade, na sua casa em Lanzarote onde residia com a mulher Pilar del Rio, vítima de leucemia crónica.

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