(Enviado por Sônia Soares*)
No século XVIII, o filósofo prussiano Immanuel Kant escreveu um texto intitulado 'Resposta à pergunta: que é o iluminismo?'. Para responder à questão, Kant contrapõe ao iluminismo (ou esclarecimento) a menoridade, entendida como 'incapacidade de se servir do entendimento sem a orientaçao de outrem', o que podia se dar por culpa própria - quando nos falta decisão e coragem - ou por falta de entendimento mesmo. Recorde-se que o lema do iluminismo europeu era 'sapere aude' (ousa saber).
Assim, por preguiça e covardia, os homens continuavam na minoridade, por ser mais cômodo, e também porque para outros era muito fácil se colocar como tutores.
Mas, então, como chegar ao esclarecimento? Seria possível?
Segundo Kant, não só possível, como 'inevitável', desde que o povo fosse livre. A liberdade seria a única exigência para a ilustração, mas de qual liberdade falava Kant? A de fazer uso público de sua razão, ou seja, aquele uso que qualquer um faz (na época, por escrito, como erudito) perante o grande público do mundo letrado. Significa, simplesmente, servir-se da própria razão para falar em seu próprio nome.
Se à época, Kant não podia dizer que vivia numa época esclarecida, também hoje - embora assegurada a liberdade de expressão - não podemos fazer tal afirmação, sobretudo se considerarmos a maior fonte de 'informação' à disposição do povo: a tv, o rádio e o jornal. O quanto os veículos de comunicação poderiam ser realmente 'esclarecedores' do povo?
Se olharmos quem são os donos da mídia, teremos a certeza de continuar, ainda por muito tempo, na 'minoridade'...
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*Sônia Soares - nutricionista e mestre em filosogia.
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