Esta semana o Supremo Tribunal Federal disse ao povo brasileiro que o uso do sistema de "cotas para negros" para ingresso na Universidade de Brasília é constitucional. O que significa que o sistema poderá continuar sendo aplicado na UNB e também se estender pelo país.
A resposta do STF foi dada em razão de questionamento do Partido Democratas, o famoso DEM. O mesmo do Demóstenes que está sendo acusado de ligações com o também famoso Carlinhos Cachoeira.
Pois bem, o DEM questionou o STF sobre a constitucionalidade do sistema de cotas na UNB e a defesa do questionamento, para quem assistiu, muito lembrou um período em que brancos nos tratavam a chibatadas. Tempos em que homens e mulheres livres eram agrilhoados em seus países e transportados, como animais, para serem escravos em outras terras e até a morte. E para caracterizar mais perfeitamente a cena do drama o cambaleante DEM contratou uma advogada loira para lutar contra o dos afrodescentes no STF.
Em determinados momentos cheguei a ver, na figura daquela advogada loira, a senhora de engenho com a chibata na mão e ouvir as correntes tilintarem ao ritmo dos gemidos de sofrimento dos irmãos e irmãs escravos.
Sabiamente os ministros entenderam que nada pode recuperar o tempo e nem tampouco apagar o sofrimento de um povo que viveu na própria carne e na alma as piores dores.
Em 2001, estivemos em Durban, África do Sul, a convite da ONU e representando a STVBrasil - Sociedade Terra Viva, participando da I Conferência Mundial contra o Racismo, a discriminação racial, a xenofobia, e formas correlatas de intolerância. Lá estavam, 16.000 participantes de 173 países, 4.000 organizações da sociedade civil, pessoas de várias as partes do mundo e das mais diversas etnias, credos, cores ... Uma verdadeira colcha de retalhos. Todos reunidos para debater o desejo humano de liberdade e dignidade. Ali, diante de tantos relatos de desumanidade, pudemos perceber a grandeza do gesto humano e do quanto cada um de nós pode contribuir para a felicidade de nossos irmãos e irmãs. Que somos todos uma só raça, a raça humana, e que o preconceito e a intolerância não constroem. Só o respeito e o amor libertário poderá nos tornar plenos. E foi durante a Conferência que foi apresentado o programa de cotas para universidades brasileiras, fato que gerou grande polêmica. Mas, que, ao final da reunião a Declaração de Durban e uma plataforma de ação foram apresentados ao mundo e constitui-se em um importante passo para as mudanças realizadas no Brasil como as cotas na UNB, o Estatuto de Igualdade Racial e o censo do IBGE, que passou a utilizar o critério de autodeclaração de cor/raça em suas entrevistas.
Hoje, as cotas são realidade no Brasil. Jamais poderemos apagar o passado, mas poderemos construir um futuro com dignidade e respeito.
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