quarta-feira, 18 de julho de 2012

De planos de governo

Por Perceval Carvalho*


Ler os planos de governo apresentados neste pleito eleitoral é uma verdadeira viagem pelos picadeiros circenses que tanto animaram as populações do interior.

Meu irmão e minha irmã leitores, quando falo em picadeiros me refiro não aos grandes empreendimentos nacionais e internacionais, mas aquelas empanadas que tanto víamos passar por nossa São José de Mipibu de outrora. É, aquelas onde as estrelas se empavonavam para fazer nossa gente rir e, com bolinhas vermelhas no nariz, brincavam apresentando um texto tantas vezes repetidos e recheados com as mesmas velhas piadas.

Ler os tais planos de governo é deparar-se com verdadeiras pérolas que passaremos a comentar paulatinamente até o final desta eleição, aqui nO Mipibuense. Isto é, se este Blog também não vier a ser fechado por um político inescrupuloso "fraco, medroso e medíocre" com medo de um lunático e fanático fundamentalista.

Mas, para não cansar nossos caríssimos leitores, vamos à nossa viagem pelos mal fadados planos de governo.

O grande José Saramago nos ensina que "Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro." E o que vemos neste momento em São José de Mipibu é, nada mais, do que a tentativa de convencimento do eleitorado, a apresentação de propostas que nada têm a ver com a conduta dos proponentes. Que nem na forma e nem tampouco no conteúdo os planos de governo se aproximam da práxis dos seus supostos autores. Supostos com toda a propriedade, tendo em vista que todos, sem exceção, os planos propõem o que não será feito. Além daqueles que já vieram prontos de outros lugares, ou melhor, no formato control C e control V.

Em uma democracia de verdade seria inconcebível a candidatos a confecção de um plano de governo, diga-se de passagem que vai influir na vida de milhares de cidadãos e cidadãs por quatro anos, sem a participação popular. Ou seja, um bom plano de governo carece de debate no meio popular, da oitiva da população e, em sua essência, deveria espelhar as reflexões oriundas do mais íntimo de um povo. As soluções para os seus problemas mais urgentes.

Todavia, basta uma rápida e superficial leitura, para se perceber que não é isso que se vê registrado nos planos de governo. Nenhum deles foi construído com a participação popular. Em linhas gerais, o povo não foi ouvido. E tem até quem reconheça o autoritarismo e afirme que seu plano foi feito mais para atender as exigências da lei do que os anseios da população.

Há de tudo nos planos de governo. Mas um olhar apurado e crítico revela que não existe realidade nos mesmos.

Há quem afirme, em plena campanha eleitoral, que vai criar tarifas para pequenas e novas empresas. Um verdadeiro suicídio eleitoral. Fala-se em criação de parque municipal como quem faz cuscuz, sem qualquer conhecimento sobre o que fala.

Nenhum plano aprofunda qualquer tema. Sempre se trata de forma superficial. Nenhum deles informa como e nem quando será concretizada qualquer proposta e tem até quem apresente proposta para os próximos cinco (05) anos, quando se sabe que não haverá prorrogação de mandato e o governo eleito, obrigatoriamente, terá que cumprir com as promessas em quatro (04) anos.

Nenhum candidato diz como e quando terá cumprida qualquer das propostas. A linguagem é padronizada: "... criação, implantação, melhorar ..." Nada de concreto se coloca. O pouco que se vislumbra de forma clara é a criação de órgãos, mas, seguindo a mesma tônica, sem que e nem para que. Como se criar uma secretaria fosse mais importante do que criar políticas públicas reais. Uma verdadeira afronta ao cidadão e cidadã provido de intelecto.

Hoje ficamos por aqui. Nos próximos dias adentraremos mais a fundo no que se ousou chamar de planos de governo, no intuito de levar ao eleitor e eleitora uma análise crítica sobre os bastidores da política local.
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