A insensibilidade de muita gente ante a desgraça alheia causa espanto. Vidas são ceifadas em fração de segundos e as pessoas sequer atentam para a gravidade dos fatos, da violência nossa de cada dia, que se abateu sobre a cidade.
Ávidos por uma fotografia, uma imagem de celular, um flagrante que provoque uma sensação de quebra da rotina, muitos se arvoram repórteres sensacionalistas. Estas mesmas pessoas esquecem das famílias das vítimas, filhos, esposas, pais e mães ... Entes que choram, inconsoláveis, uma perda.
Alí, estendido no chão, ante olhares e expressões atônitas padece um cidadão, mais um filho do abandono e da miséria. Na verdade, mais uma vítima de uma sociedade cretina e cruel, que somente se apresenta ao moribundo quando de sua sentença condenatória e enclausuramento. Aquela que, antes de condená-lo, deveria assisti-lo em suas necessidades básicas, é a mesma que, neste momento, o chama de bandido.
Parafraseando o ilustre Professor Mário Jambo, tomo emprestado o conteúdo de suas sábias palavras para reafirmar aquilo que todos e todas deveriam questionar, o que deveríamos nos perguntar ante cada novo crime, e já são tantos, para nós mesmos: "Esses pobres miseráveis que vivem ao arrepio da lei pelo infortúnio e por obra e graça de uma sociedade excludente, e nesta devemos todos nos incluir, serão mesmo os verdadeiros criminosos? O que assusta e, ao mesmo tempo, tanto aproxima o animal interior humano em torno dessas imagens que se tornaram rotina em nossa cidade?
Em verdade vos digo que a insensibilidade de algumas pessoas beira a insanidade.
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