sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Pesquisadores reunidos nos EUA defendem vacina como instrumento essencial para erradicação da aids


Da Redação da Agênica de Notícias da Aids com informações do Unaids

Mais de mil pesquisadores e ativistas se reuniram na semana passada em Boston, nos Estados Unidos, para a AIDS Vaccine 2012, uma das principais conferências de vacinas relacionadas à aids. Apesar das várias abordagens de prevenção já disponíveis no mundo, como o preservativo, a circuncisão e as profilaxias pré e pós-exposição, especialistas defenderam a criação de uma vacina preventiva contra o HIV. 

Nem as constatações de que uma vacina precisaria de muito tempo e dinheiro (EUA investiram 845 milhões de dólares em 2011 e não encontraram um produto com grande eficácia) para ser descoberta e que o tratamento já mostra eficácia na prevenção do HIV tiram da cabeça dos participantes da Conferência a importância de um instrumento para imunizar às pessoas do HIV.

"Sabemos que os antirretrovirais reduzem drasticamente a probabilidade de transmissão do vírus da aids, e esta estratégia tem que ser adotada urgentemente e de maneira generalizada em todo o mundo, mas isto não é um substituto para uma vacina preventiva. Precisamos de uma vacina que nos ajude na prevenção de novos casos do HIV", disse Myron Cohen, professor da Universidade da Carolina do Norte e líder do estudo internacional para uma vacina contra o HIV HPTN 052.

Tipos de vacina

Conforme explica o boletim Vacinas, uma publicação do Grupo de Incentivo à Vida (GIV), de São Paulo, à existência de uma vacina preventiva anti-HIV pode levar à erradicação da aids, como já aconteceu com a varíola. Para isso, o produto usado na vacina deve ser capaz de produzir uma reação no sistema imunitário suficiente para neutralizar, eliminar ou controlar o HIV.

A vacina pode ser preventiva, para pessoas sem HIV. Nesse caso, ao entrar em contato com o HIV, o organismo já teria uma resposta imunitária para controlar o vírus. As vacinas contra a varíola ou contra a pólio são exemplos bem-sucedidos. Ela também poderia ser terapêutica, para as pessoas com HIV com o objetivo de neutralizar o vírus após reação do sistema imunitário. Em Recife houve uma pesquisa de uma vacina terapêutica.

Mais de 60 vacinas já foram experimentadas em todo o mundo, seja em Fase I ou II (antes do teste em larga escala, com muitas pessoas). Já houve duas pesquisas de Fase III na Tailândia e nos Estados Unidos, envolvendo 7.500 voluntários, que chegaram a resultados negativos. Mas mesmo assim muito se aprendeu com estes testes.

Em 2009, a pesquisa RV144 feita na Tailânda e que testou a combinação de dois produtos obteve uma resposta modesta, por volta de 31%, de prevenção ao HIV. No entanto, ela encontrou importantes informações sobre como o sistema imunológico reage ao HIV.

“Nosso conhecimento hoje é mais sofisticado e está aumentando cada vez mais, o que nos dá uma possibilidade maior de obtermos sucesso num produto mais eficaz para uma vacina”, afirma Glenda Gray, professora da Universidade sul-africana de Witwatersrand e diretora da Rede de Pesquisas para uma Vacina contra o HIV na África.

Hoje, há apenas um ensaio clínico para uma vacina contra o HIV em andamento, o HVTN 505. Os testes estão sendo feitos nos Estados Unidos com homens que fazem sexo com homens e transgêneros.

Algumas pesquisas estão sendo planejadas, incluindo três ensaios que já mostram bons resultados na África do Sul e na Tailândia, mas estes não devem ter os testes retomados antes de 2014.

Brasil

No Brasil há centros nacionais de pesquisas de vacinas anti-HIV em Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.

Em maio, quando no dia 18 é celebrado o Dia Internacional de Conscientização por uma Vacina Anti-HIV, o movimento de Articulação Nacional de Luta contra a Aids (Anaids) enviou ao Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, à Frente Parlamentar de Combate ao HIV e Aids e a outros integrantes do governo federal, uma carta solicitando intervenção durante a elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentária e do Orçamento da União para o investimento em pesquisa de diversas áreas ligadas ao HIV e aids. 

O documento, assinado por 36 ativistas e representantes de grupos, Fóruns e Conselhos na área da saúde, pede uma vacina contra o HIV e aids, que seria essencial para reduzir os mais de 12 mil casos de mortes em decorrência da aids por ano no Brasil. “É como se a cada dia um ônibus com 32 pessoas sofresse um acidente fatal... O uso do preservativo continua sendo a medida de prevenção mais importante neste campo, mas depois de vários anos comprava-se insuficiente para um controle mais profundo da epidemia”.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias orienta a elaboração e execução do orçamento anual e trata de vários outros temas, como alterações tributárias, gastos com pessoal, política fiscal e transferências da União.
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