quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

"De noites traiçoeiras eu entendo muito bem"

Uma tarde dessas em que a gente atrasa para o almoço, depois de muito trabalho e quando a fome faz o couro da barriga colar nas costas, me encontro com o repórter Bocão e outros amigos e amigas, e, após alguns dedos de prosa, combinamos de ir almoçar no Bairro Novo, alí bem perto da casa do nosso querido Xanxo.

Em meio a gargalhadas, feijão verde, galinha caipira, pirão e outras maravilhas da cozinha nordestina, eis que Bocão começa a contar esta que, para mim, ficará guardada no velho baú da memória.

Segundo o narrador, já calejado pela vida e por uma sucessão de incontáveis episódios infelizes de endividamentos e de cobradores que volta e meia lhe batem a porta, foi procurado por uma parente sua que, pessoa abastada e dona de algumas posses já lhe houvera negado, por vezes, algum dinheiro emprestado.

A parente de Bocão lhe contava que havia algum tempo que comprara um bem e que o dinheiro que gastou lhe deixara em estado preocupante, tendo em vista que gastara sua poupança e estaria sem fundos para suportar uma surpresa desagradável que, por ventura, viesse a acontecer. Relatou suas preocupações e também que este fato estaria lhe tirando o sono.

Neste momento, Bocão, sobressalto, disparou:

- Neninha, ficar sem dormir por causa de dinheiro é mesmo um problema. Você não lembra de quantas vezes eu já lhe procurei? Veja bem, esse é um assunto muito delicado. Mas, fique tranquilha que de noites traiçoeiras eu entendo muito bem!

E passou a aconselhar sua parenta naquela noite inspiradora e cheia de oportunidades.
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