Outro dia conversava com um editor de um blog de uma cidade interiorana, que não divulgarei o seu nome posto que o mesmo não me autorizou, e ele me revelava a sua preocupação com o cenário político de sua cidade.
A primeira pergunta que me fez foi "Você viu, agora estão todos juntos?" como a revelar a sua insatisfação para com a realidade de velhos grupos rivais que se unem para poder se manter no poder.
Particularmente entendo que a democracia permite tais alianças e se não há ilegalidade há viabilidade. Todavia, isto posto, não significa que há ética ou moralidade nestas práticas. Ficará a critério do eleitorado o julgamento. E o que se pode dizer é que se separados eles produziram o caos que está a cidade, o que farão eles juntos?
E eu me lembro de tanta gente que brigou nas ruas, durante campanhas políticas, por um e por outra. Tanta gente boa que literalmente brigou com velhos amigos e amigas, chegando até mesmo a gerar desavenças entre famílias ... Lembro bem de um colega que, na época, bebia a garapa do engenho e andava com uma boneca inflável dando a entender que não gostava de uma tal candidata. Pois bem, esse colega, logo após as eleições caiu em desgraça em razão da derrota do seu líder e não é que foi parar, cabisbaixo, no colo da antiga rival. Um vexame para quem tem vergonha!
Mas, o assunto em pauta é o "angú embrigado" ou "angú melado" como está sendo chamada a mistura do angú de Lagoa do Fumo com cachaça.
Em verdade vos digo que na minha meninice ouvi falar de "ping-pong", quando uma mesma família se dizia dividida para se manter no poder. Tempos depois, em um espasmo de irracionalidade entre os velhos caciques, um matuto tomou o poder. Mas, não tinha um projeto político e seu governo, apesar de prorrogado, não conseguiu se firmar.
A realidade atual reflete um quadro de instabilidade e de desconfiança generalizada por parte da população. A imagem que o povo tem dos políticos é a pior que se possa imaginar. Portanto, abre-se uma pequena brecha para o surgimento de novas lideranças e a esperança de transformações. A população está dizendo, em alto e bom som, que esta realidade precisa ser mudada e que é preciso reconstruir a nossa história.
As elites já se aperceberam disto, tanto que temerosas quanto a uma resposta popular nas urnas e a ameaça de derrocada do poder, decidiram se juntar para, então, quem sabe assim, se manter pela força. Ou seja, não havendo oposição, a permanência no poder é tida como certa.
Os inimigos do povo estão no poder. E o que se pergunta é porque que os filhos deste povo sofrido não se unem para combater o mal? Será que viverão eternamente das sobras que lhes deixam cair os seus próprios algozes? As condições estão postas e as elites se juntam para não perder o poder. Os lobos espreitam a cena sequiosos a espera dos incautos.
Será esta a nossa sina? Ou teremos a coragem necessária para sublimar o atual estado de coisas e criar uma nova realidade?
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