sábado, 5 de janeiro de 2013

Crianças, adolescentes: Brasil, um país de desigualdades


Por Brenda Lívia*

É de praxe saber das obrigações Estado / cidadão. Sabe-se, também, da contínua irresponsabilidade estatal, seja qual for a área em debate. Uma das problemáticas que a nossa sociedade enfrenta, inatual, é a consoante violência para com crianças e adolescentes; violência oriunda tanto do governo federal quanto da população em geral, direta ou indiretamente. Indiretamente por haver mais de 800 mil crianças fora da escola, em um país dito democrático, porém cheio de falácias, advindas dos setores mais ricos da economia, os quais, não preconizam o bem estar social. Diretamente, por o país não garantir as condições necessárias para a devida qualidade de vida dessas crianças.

Na Somália, a realidade é drástica. Mais de 29 mil crianças com menos de 5 anos, já morreram de fome e o mundo se volta para um problema tão irrisório como o caso de uma mulher que leiloa a virgindade. Nós fechamos os olhos para a realidade e passamos a valorizar apenas àquilo que nos atinge. Como bem enfatizou Max Gonzaga, com a música  Classe média, as pessoas não valoram os fatos sociais enquanto eles não as alcançam. A fome, a miséria, o abandono de crianças não dão tanta audiência quanto a exploração do corpo da mulher; a mídia não faz  referência quantitativa de crianças e jovens em desprezo total da sociedade, levando ao povo, vontade de mudança. Mas sim, a novela das 19h e os programas de venda de senha para entrar no céu, estão sempre ativos quando ligamos os nossos equipamentos televisivos.

Ademais, a maioria dos brasileiros desconhece das leis que nos regem e nos protegem, constitucionalmente. De acordo com o artigo 4° da Constituição Federal, é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária. Então, faço a seguinte questão ao poder público: Onde está a prioridade desses direitos? Na construção de estádios de futebol para uma copa do mundo que não é do mundo? No extravio de recurso público para o bolso dos grandes empresários? E como fica o discurso bonito de candidatura, “metas para erradicar a pobreza”?; não podemos maquiar as desigualdades e enfeitar a cidade de falsos ideais, para que fique bom aos nossos olhos e aos dos eventuais turistas que apareçam, temos que dar visibilidade à gritante situação da sociedade brasileira.

Em suma, o mundo precisa de ajuda, a começar do nosso país. Precisamos ver além do que nos mostra a imensa ditadura capitalista, necessitamos valorar o bem estar social e priorizar o que é bom para todos. Se as nossas crianças, hoje abandonadas, precisam de políticas de melhoria, não deixemos que os nossos representantes joguem dinheiro público pela janela, investindo num evento que abandona a sociedade e enche os bolsos das grandes empresas.
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*Brenda Lívia - estudante de engenharia florestal e direito.

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