Estamos perdendo a nossa identidade!
Há muito nossos musicistas estão deixando a província. Seja atraídos pelas bandas da capital, seja na busca de um futuro alvissareiro. Mas, com certeza, motivados, fundamentalmente, pela ausência de apoio local para o seu desenvolvimento.
(Banda de música de São José de Mipibu - 1981)
Esta diáspora cultural produz efeitos nefastos a saber. Retira do povo mipibuense o direito de ver seus filhos produzindo cultura e ao mesmo expropria deste mesmo povo a sua própria história.
Foi-se o tempo em que podíamos ouvir, durante o carnaval, o que a nossa cultura, nossa gente, nossos artistas têm de melhor. A produção local em sua forma mais natural, seja com marchinhas, sambas, aquela música prazerosa e que, sem o refinamento do erudito, nos toca o coração e faz a gente parar para ouvir até o final.
São José de Mipibu tem muitos talentos. Tanto no seu passado quanto na contemporaneidade. Uma juventude de muita habilidade e carente de oportunidades para mostrar seus trabalhos. Exímios profissionais que, muitas vezes, são obrigados a atuar frustradamente em outras profissões por não ter oportunidades.
É preciso agir e rapidamente se quisermos resgatar e preservar o pouco que nos resta. Há que se empreender um grande esforço para que não venhamos a perder, em um futuro próximo, esses jovens musicistas mipibuenses que ainda se encontram em São José de Mipibu.
Valorizar o artista local e oportunizar o seu crescimento não é mais uma preocupação. Deve se constituir em uma política pública efetiva e que ultrapasse as vontades dos governos e governantes. Somente assim poderemos resgatar a nossa cultura e ver florescer verdadeiras pérolas do mais íntimo de nossa gente.
Temos, nos próximos dias, o carnaval. E, como todos sabemos, um momento de se abrir espaço para que os nossos músicos, reunidos em bandinhas, possam mostrar seus trabalhos, seu talento e também de se abrir uma frente de trabalho e geração de renda para a categoria. Bastando, apenas, que os responsáveis pela organização dos eventos tenham a devida atenção e a sensibilidade necessárias para perceber o vácuo em que se encontra a nossa cultura e promover, quiçá, a transformação que tantos sonhamos. Não se busca a adoção de medidas mirabolantes e insustentáveis. Mas, antes, a aproximação com nossos artistas, o debate, a oitiva, que possam guiar a construção de propostas para se tornar uma práxis.
O grande escritor Ariano Suassuna não poderia ter sido mais feliz em afirmar: "Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa." Portanto, a verdadeira festa de nossa gente está diretamente ligada a nossa vocação cultural, a produção local. E não há que se falar em cultura local sem investimentos na missão de nossa classe artística e sua valorização.
Por fim, tomamos por empréstimo as palavras do nosso saudoso e querido Chico Xavier, que nos ensina: "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.
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É, a Secretaria de Cultura divulgou uma programação com bandas de forró para o carnaval.
ResponderExcluirSó músicas de péssimas qualidade, que trazem nada para a cultura do povo. Esse mesmo mestre Ariano Suassuna já escreveu artigo sobre essas "bandas" e a qualidade dos seus repertórios.
E ainda tem um blog que divulgou que esta edição será uma das melhores das últimas décadas. Imaginem só! E se fosse uma das piores?
É de dar dó, muita dó mesmo. Gastam dinheiro com coisas e bandas fajutas, mas não incentivam a cultura e os musicistas da terrinha. Vergonha total!