O estudante de direito João Pedro Accioly Teixeira, 19, ficou três dias preso após uma manifestação que começou pacífica e terminou com a explosão de um coquetel molotov lançado em direção a policiais militares.
O enredo, que poderia ser de um dos mais de 60 detidos nas manifestações no último mês, no Rio, ocorreu há dois anos. Mas pode se repetir.
Preso em 2011 durante protesto contra a visita ao país do presidente norte-americano, Barack Obama, o estudante agora organiza manifestação contra o papa Francisco.
Ele participa hoje de um "beijaço" LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) para criticar a reprovação da igreja à homossexualidade. O ato terá início no Largo do Machado, zona sul do Rio, e os manifestantes devem se dirigir ao Palácio Guanabara, local da recepção oficial ao pontífice.
Para o estudante, também militante do PSOL, há semelhanças entre os atos contra Obama e contra o papa. "Os dois são ícones de instituições que causaram dano à humanidade", disse o estudante.
"O papa tem carisma, uma história que desperta aproximação. Mas ele não pode ser considerado como pessoa, mas uma figura de uma instituição que tem problemas."
Teixeira diz ser contrário a atos de vandalismo. "A vontade dos organizadores é que transcorra pacificamente. Mas a segurança [do papa] tem razão de ficar preocupada", disse ele.
O estudante afirma reconhecer o "simbolismo" do ataque a policiais, bancos e lojas.
"Há uma revolta antissistema, mas sem direcionamento. Várias pessoas indignadas veem na violência a única forma de expressar o seu descontentamento, porque elas sabem que a via institucional não apresenta resposta."
Ele afirma temer uma nova prisão nesta segunda-feira. "Sinto medo porque não acredito que a atuação da polícia se dê dentro da lei."
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Fonte: Folha de São Paulo
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