quarta-feira, 16 de julho de 2014

Larissa volta ao vôlei de praia para ser raro caso de homossexual assumida no esporte brasileiro

A final da Copa do Mundo, no Rio, diminuiu um pouco a repercussão de uma notícia histórica para o esporte. No domingo, Ian Thorpe, o Torpedo, australiano que é um dos maiores nomes da natação em todos os tempos, assumiu ser homossexual. Passou a entrar num seleto hall de atletas de alto rendimento que expuseram [...]

A final da Copa do Mundo, no Rio, diminuiu um pouco a repercussão de uma notícia histórica para o esporte. No domingo, Ian Thorpe, o Torpedo, australiano que é um dos maiores nomes da natação em todos os tempos, assumiu ser homossexual. Passou a entrar num seleto hall de atletas de alto rendimento que expuseram sua orientação sexual.
São tão poucos os casos de atletas assumidamente gays que os mesmos têm se tornado referencia. Só no último dia 23 de fevereiro a NBA se tornou a primeira liga profissional norte-americana a ter um atleta gay competindo. Jason Collins assumiu a homossexualidade num artigo para Sport Ilustrated, já aposentado, mas voltou às quadras um ano depois para defender o Brooklin Nets. Na estreia, em Los Angeles, foi ovacionado.
O próximo da lista é Michael Sam, atleta que deve estrear na NFL na próxima temporada. Ao comemorar ter sido selecionado pelo St. Louis Rams, na 249.ª escolha do último draft, beijou o namorado na boca, da forma mais natural e emotiva possível. Imediatamente ganhou todas as manchetes. No mesmo dia, o presidente Barack Obama soltou comunicado para parabenizar o time, a NFL, e o próprio Sam.
O Brasil, a partir desta quarta-feira, também ganha uma atleta de altíssimo rendimento assumidamente gay. Isso porque Larissa França, um ano após trocar alianças com Lili Maestrini, está de volta ao vôlei de praia. Segunda atleta com mais vitórias em etapas do Circuito Mundial de Vôlei de Praia e heptacampeã da competição, Larissa reestreia no Grand Slam de Haia (Holanda), não mais jogando com Juliana, mas com Talita.
Larissa e Lili estão juntas há quatro anos, mas só casaram depois que a defensora, hoje com 32 anos, retirou-se das quadras. Depois dos Jogos de Londres/2012, quando ganhou uma frustrante medalha de bronze, Larissa decidiu se aposentar e tentar engravidar. Saiu de cena em dezembro de 2012. Em julho, trocou alianças com a bloqueadora, cinco anos mais nova. As duas de vestindo branco e buquê.
As fotos do casório foram postadas no Facebook de ambas (e também de outros convidados famosos) e o namoro, que até então interessava só às duas, ganhou o noticiário. Depois, um site expôs que Larissa estava grávida, num processo bem sucedido de inseminação artificial. O casal não engoliu a invasão de privacidade, até porque a reação de boa parte do público não foi nada civilizada. Três meses depois, Larissa perderia o bebê.
A então ex-jogadora ainda teve outra gestação, que não chegou a ser divulgada pela mídia, mas também não vingou. A dois anos dos Jogos do Rio/2016, Larissa resolveu adiar o sonho de ser mãe pelo sonho da medalha olímpica. “A gente ainda tem nosso sonho. Talvez agora não seja o momento de vivenciar isso, quero jogar essa Olimpíada em casa”, explica Larissa, em entrevista exclusiva.
De volta ao esporte, Larissa sabe que a exposição em torno do nome dela vai aumentar, até porque talvez ela seja a única atleta de alto rendimento no mundo não apenas assumidamente gay, mas que tem uma relação estável com uma colega de profissão. “Eu não tenho problema nenhum em relação a isso. Tenho muito orgulho disso, não tenho problema nenhum de falar para ninguém. A gente queria ser mãe, infelizmente não conseguiu nesse momento”, diz Lili.
Ainda não será desta vez, porém, que o esporte verá algo ainda mais incomum: uma dupla formada por duas mulheres casadas. Ainda que elas joguem em posições complementares (Larissa defende, Lili bloqueia), sequer cogitaram atuar juntas. “Jogar com a Lili é misturar as coisas, ela está numa boa fase, evoluiu bastante, está entre as três melhores bloqueadoras do País, mas acho que relacionamento amoroso é uma coisa, profissional é outro. Misturar não seria legal.”
Esportivamente, Larissa volta para ser forte candidata a uma vaga em 2016. Afinal, Talita é a melhor bloqueadora do País na atualidade (venceu o Rainha da Praia deste ano) e Larissa é a melhor defensora da história. Até o fim da temporada, deve reencontrar o ritmo de jogo. Se voltar a ser a velha Larissa, vai buscar medalha em 2016.
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Fonte: http://blogs.estadao.com.br/

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