Os gastos incluem os tratamentos de saúde, as perdas de dias de trabalho
por afastamento médico e a remediação de danos ambientais.
Se o lobby pela prorrogação do prazo do fim dos lixões conseguir vencer a
batalha e eles se mantiverem abertos como hoje, em cinco anos o custo
chegará a US$ 1,85 bilhão (R$ 7,4 bilhões).
A contaminação provocada por esses depósitos irregulares não atinge
apenas moradores das proximidades, trabalhadores de limpeza urbana e
catadores de materiais recicláveis, embora sejam estes os grupos com
mais risco, por causa do contato direto.
Como poluem o solo e o lençol freático, os lixões criam um vetor de
propagação de doenças, que chega aos animais e ao cultivo de alimentos e
segue pela cadeia alimentar até chegar aos consumidores humanos.
Realizado pela Associação Internacional de Resíduos Sólidos (Iswa, da
sigla em inglês) em parceria com o Sindicato das Empresas de Limpeza
Urbana (Selur) e com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
(Abrelpe), o estudo foi coordenado pelo presidente do comitê técnico e
científico da Iswa, Antonis Mavropoulos, que apresentou os resultados na
última segunda-feira (28).
Usando um parâmetro internacional, o levantamento estimou que 1% da
população que se serve de lixões adoece. Tomou o custo de U$ 500 por
paciente no sistema de saúde brasileiro (cerca de R$ 2.000) e chegou ao
cálculo de que anualmente sejam gastos U$ 370 milhões (cerca de R$ 1,5
bilhão).
Além dos custos para o sistema público de saúde, o estudo calculou o
valor que o país deveria investir para reverter os prejuízos ambientais
causados pelos lixões. Entre 2010 e 2014, essa conta ambiental ficou em
cerca de US$ 2,1 bilhões (R$ 8,4 bilhões).
Somando a conta da saúde com a do ambiente, nos próximos cinco anos o
custo que o país paga por manter os lixões abertos é estimado entre US$
3,2 bilhões (R$ 12,8 bilhões) e US$ 4,65 bilhões (R$ 18,61 bilhões).
O presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho, considera que esses
recursos seriam suficientes para fechar de vez os lixões e tornar
eficiente e sustentável a gestão de resíduos no Brasil.
NO MUNDO
Antonis Mavropoulos fez um amplo estudo sobre os prejuízos do descarte
irregular de resíduos e os impactos nos sistemas públicos de saúde em
vários países. De acordo com sua análise, os lixões afetam a saúde e a
qualidade de vida de 3,5 a 4 bilhões de pessoas no mundo e 40% do lixo
gerado é enviado a esses locais. Riscos à saúde acarretados pelos lixões
na Índia, Indonésia e nas Filipinas estão sendo considerados superiores
aos riscos da malária.
Segundo ele, de acordo com o relatório "Waste Atlas 2014", que lista os
50 maiores lixões do mundo, o descarte a céu aberto ocorre com
frequência nas proximidades dos centros urbanos. Em alguns casos, áreas
residenciais são formadas e se expandem ao redor dos lixões.
Ainda de acordo com o Atlas, dos 50 maiores lixões, 42 possuem
assentamentos a menos de 2 km de distância, 44 estão perto de recursos
naturais (menos de 10 km) e 38 estão perto de recursos hídricos como
rios, lagos e oceanos, afetando a vida marinha e as populações
costeiras.
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Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/maragama/2015/10/1689170-lixoes-custam-r-15-biano-ao-sistema-de-saude-do-pais-diz-estudo.shtml
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