O Ministério da Saúde anunciou na terça-feira, 19, que pretende incluir
na lista de medicamentos gratuitos do Sistema Único de Saúde (SUS), até o fim do
ano, o remédio que pode prevenir a infecção pelo HIV. A informação foi dada pela
diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do ministério, Adele
Benzaken, durante a 21ª Conferência Internacional de Aids, na África do Sul, e
confirmada pelo órgão federal.
Chamado de profilaxia pré-exposição (PrEP), mas mais conhecido como truvada -
seu nome comercial -, o medicamento diminui as chances de contaminação pelo
vírus da Aids quando tomado continuamente, mas pode trazer efeitos colaterais,
como leves disfunções gastrointestinais e renais. A pílula de ingestão diária
combina dois tipos de antirretrovirais (tenofovir e emtricitabitina) e é indicada para a
população não infectada, mas que tem maior chance de contágio.
Segundo dados
da Organização Mundial da Saúde (OMS), o remédio diminui em até 92% o risco de
o vírus entrar nas células.
A estimativa do Ministério da Saúde é de que 10 mil pessoas tenham acesso ao
medicamento no primeiro ano. "O remédio deverá ser ofertado em serviços
especializados do SUS para populações com risco acrescido, como travestis,
homens que fazem sexo com homens, transexuais e profissionais do sexo", disse a
pasta, em nota.
Em julho de 2014, a OMS divulgou diretriz recomendando que homens
homossexuais utilizassem a PrEP como forma adicional de prevenção à infecção
por HIV, além do preservativo. "As taxas de infecção por HIV entre homens que
fazem sexo com homens continuam altas em quase todos os lugares do mundo e
novas opções de prevenção são necessárias com urgência", declarou a
organização, em informe na época.
Segundo o ministério, o departamento de DST, Aids e Hepatites Virais já prepara
um protocolo clínico de PrEP para ser encaminhado à Comissão de Incorporação
de Tecnologia no SUS, órgão que define quais medicamentos, terapias e
tratamentos são incluídos na rede pública. Como a maioria dos integrantes da
comissão pertence a órgãos do ministério, o antirretroviral não deverá enfrentar
dificuldade para ter sua incorporação aprovada.
Aval
Para dar base à decisão de incluir o antirretroviral em sua lista de medicamentos
gratuitos, o ministério financiou dois estudos de PrEP no Brasil, que estão sendo
conduzidos pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e
pela Fundação Oswaldo Cruz. Para Zarifa Khoury, infectologista do Instituto Emílio
Ribas, a medida anunciada pelo ministério é positiva e necessária. "Até hoje, a
camisinha sempre foi a única forma de prevenção, mas, claramente, não atende a
todos. Tanto não atende que a epidemia não parou de se alastrar. Há algumas
pessoas que não conseguem usar o preservativo em 100% das situações e, para
eles, a PrEP é necessária. A ideia é que ela seja associada ao uso da camisinha."
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Informações do jornal O Estado de São Paulo
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