INCLUSÃO OU EXCLUSÃO?

Uma professora da rede pública de ensino nos envia a seguinte mensagem.

"O governo tem alardeado aos quatro cantos do Brasil que está promovendo a inclusão de crianças e adolescentes ao universo das novas tecnologias da informação e da comunicação. Para tanto, tem adquirido e instalado computadores e Internet em grande parte das escolas do Brasil. Eu trabalho em duas escolas e ambas receberam computadores há mais de um ano. Receberam até arcondicionado para os laboratórios de informática. A pergunta que eu faço ao Mipibuense é qual dessas tantas escolas, que receberam os computadores, estão atendendo aos alunos. Quais laboratórios de quais escolas estão funcionando e quantos alunos já fizeram uso dos computadores?"

Querida professora, esta é uma pergunta que, cremos, pegar a todos de surpresa. Não pelo fato de ser este assunto uma novidade, mas pela surpresa de todos e todas sabermos que a sua fala é uma verdade e que mais verdade, ainda, é sabermos que esta realidade está posta há muito tempo, debaixo dos nossos olhos e grande parte de nós estarmos tão displicentes para com esse fato.

É verdade que boa parte das escolas receberam computadores e estrutura para estarem proporcionando a inclusão de milhares de crianças e adolescentes à essas ferramentas importantíssimas de comuicação e informação, mas que, há muito, só servem para deleite de algumas poucas pessoas e para apreciação paisagística. "Coisa para inglês ver."

Mas também é verdade que nós estamos muito distantes daquilo que é a alma da democracia, a participação popular no exercício do controle social das políticas públicas. Estamos mal acostumados e sempre queremos que, para não causar indisposição com colegas de trabalho ou lideranças políticas, alguém assuma as reclamações. E isto se aplica nas escolas, secretarias, sindicatos citeiros e por aí vai. É, por demais, conveniente nos mantermos na tranquilidade de nossas reflexões pessoais e deixarmos as coisas como estão, quando devemos agir e cobrar ação de quem de direito.

Este é o Brasil, este é o estado do Rio Grande do Norte e esta é a nossa província Mipibuense. Terra onde, há décadas, famílias marcam seus nomes em bancos de praça, prefeita usa um carro alugado e pago com o nosso suado e sofrido dinheiro em benefício pessoal e de sua família, amigos da prefeita sugam o sangue do Povo Mipibuense no escândalo mensalinho e ficam impunes, entre tantos outros casos, inclusive este caso em que computadores comprados com o nosso dinheiro estão servindo como pêso para papel em escolas.

É uma vergonha!

Mas também é uma vergonha que não estejamos agindo para acabar com este verdadeiro crime contra as nossas crianças e adolescentes. Quem assim age ou se omite está negando um futuro ao nosso Povo. Negando o conhecimento à nossa juventude.

Se não cuidarmos enquanto é tempo, em breve teremos, nas escolas, verdadeiras sucatas eletrônicas ou "só lembraças" do que poderia ter sido um grande instrumento de inclusão, mas que, por nossa omissão, transformou-se em uma grande lição de exclusão e de desperdício de dinheiro público.

Portanto, estimada Professora e leitores e leitoras dO Mipibuense, enquanto educadores, se é que assim podemos ser chamados, temos que usar da nossa voz e do nosso gesto/ação para denunciar casos como este.

De nossa parte estaremos agindo e encaminhando a sua denúncia às autoridades para o fato seja apurado e as providências possam ser tomadas.