Há muito tempo, uma conversa com uma senhora mipibuense me chamou atenção e, vez por outra, me volta a lembrança provocando inquietações.
Me contava aquela senhora, que nas décadas de cinquenta e sessenta, quando ainda jovem, houvera conhecido o seu companheiro, com quem viveu até a morte. Ocorre que o tal companheiro, hoje falecido e para os juristas simplesmente "de cujus", já havia contraído matrimônio anteriormente e se separado, vindo a se unir posteriormente com esta senhora e com quem viveu seus últimos dias. O primeiro casamento tendo sido realizado apenas pela via religiosa.
O fato de haver existido um primeiro casamento e este haver se consumado na igreja, acarretou consequências, diga-se de passagem, por demais desagradáveis à vida daquela senhora, sua segunda esposa e com quem casou-se em cartório e constituiu família. Entre as consequências, me contava ela muito triste, estava o impedimento de frequentar a igreja, onde o falecido havia se casado. Segundo me contou, sequer podia caminhar pela calçada da igreja e, muitas vezes, pela rua, tinha que mudar de caminho para não ter que suportar, em silêncio, ataques verbais e até agressões com palavras. Seu rosto ruborizava quando se referia a determinadas figuras da época que, inconsequente, espalhava veneno por entre as calçadas das residências abastadas em finais de tardes mipibuenses.
Contou-me, ainda, que não era única e que, como ela, haviam muitas mulheres proibidas. Que para além daquelas que eram discriminadas pelo simples fato de não haver se casado em uma igreja, haviam as que, em termo de época, eram "raparigas" e que sequer podiam revelar a quem amavam. Estas, não podiam sequer serem vistas ao lado de qualquer outra mulher, posto que sua presença "contaminava" de impureza as supostas puras. Eram o amor que não ousava revelar o nome. Estavam condenadas a viver na escuridão eterna por causa do amor.
Estas mulheres sufocaram seus prantos, viveram invisíveis e subjugadas pela intolerância e pela hipocrisia de uma sociedade fundada no falso moralismo e preconceituosa ao extremo.
E me contou, ainda, essa senhora, que algumas mulheres ousaram. Tomaram para si o leme do próprio destino e conseguiram, assim como nos textos Richard Bach, Fernão Capelo Gaivota e Ilusões: as aventuras de um messias indeciso, voar acima de seus limites e descortinar um novo mundo. E, como a vida imita a arte, assim como nos textos, ao retornar ao seu lugar comum, viveram incompreendidas.
Vários foram os exemplos que ouvi. Faces que jamais esquecerei e com quem até conversei sem conhecer suas histórias. Seres humanos plenos de amor, coragem e sonhos. Talvez, Marias Madalenas de seu tempo. As mulheres proibidas.
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O fato de haver existido um primeiro casamento e este haver se consumado na igreja, acarretou consequências, diga-se de passagem, por demais desagradáveis à vida daquela senhora, sua segunda esposa e com quem casou-se em cartório e constituiu família. Entre as consequências, me contava ela muito triste, estava o impedimento de frequentar a igreja, onde o falecido havia se casado. Segundo me contou, sequer podia caminhar pela calçada da igreja e, muitas vezes, pela rua, tinha que mudar de caminho para não ter que suportar, em silêncio, ataques verbais e até agressões com palavras. Seu rosto ruborizava quando se referia a determinadas figuras da época que, inconsequente, espalhava veneno por entre as calçadas das residências abastadas em finais de tardes mipibuenses.
Contou-me, ainda, que não era única e que, como ela, haviam muitas mulheres proibidas. Que para além daquelas que eram discriminadas pelo simples fato de não haver se casado em uma igreja, haviam as que, em termo de época, eram "raparigas" e que sequer podiam revelar a quem amavam. Estas, não podiam sequer serem vistas ao lado de qualquer outra mulher, posto que sua presença "contaminava" de impureza as supostas puras. Eram o amor que não ousava revelar o nome. Estavam condenadas a viver na escuridão eterna por causa do amor.
Estas mulheres sufocaram seus prantos, viveram invisíveis e subjugadas pela intolerância e pela hipocrisia de uma sociedade fundada no falso moralismo e preconceituosa ao extremo.
E me contou, ainda, essa senhora, que algumas mulheres ousaram. Tomaram para si o leme do próprio destino e conseguiram, assim como nos textos Richard Bach, Fernão Capelo Gaivota e Ilusões: as aventuras de um messias indeciso, voar acima de seus limites e descortinar um novo mundo. E, como a vida imita a arte, assim como nos textos, ao retornar ao seu lugar comum, viveram incompreendidas.
Vários foram os exemplos que ouvi. Faces que jamais esquecerei e com quem até conversei sem conhecer suas histórias. Seres humanos plenos de amor, coragem e sonhos. Talvez, Marias Madalenas de seu tempo. As mulheres proibidas.
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