terça-feira, 10 de julho de 2012

Entre a cruz e a espada

Perceval Carvalho*

Estamos diante de mais uma campanha política em nossa querida e sofrida São José de Mipibu e mais uma vez vemos pessoas se lançarem no meio popular como supostos salvadores da pátria mipibuense.

Na verdade, como se o tempo houvesse parado, nada de novo no front se apresenta no cenário político. Vemos as vendas anunciadas das pré-candidaturas, o desce e sobe de asseclas entre o engenho e a Lagoa do Fumo, a velha e calejada política do toma-lá dá-cá entre personalidades que, a beira do buraco empresarial, se agarram quixotescamente a tira-colo de candidatos para tentar salvarem-se do lamaçal econômico.

E para além da velha fábula provinciana, onde o final já é de conhecimento público, temos que aturar uma analfabeta política que, para um pronunciamento público, depende de uma pagem que lhe segure um cartaz, sempre a vista, para que não esqueça o que lhe fora ensinado copiosamente na noite anterior. A mesma triste figura que mais está para sombra do que para luz e que bem se define, parafraseando o filósofo mipibuense A. Fagundes, como  quem "não sabe como se chama".

Para maior tristeza das cabeças providas de intelecto, não se houve falar em plano de governo, respostas para questões urgentes como a criação do Parque Municipal da Bica, a desgraça em que se encontra a saúde do povo mipibuense, o desemprego, as drogas, a criminalidade crescente, entre tantas outras dores de nossa gente. Tudo paira no ar como se estivéssemos vivendo em um mundo mágico, onde, de um lado, uma dondoca embriagada sobe em um palanque e anuncia que pretende melhorar o povo de São José de Mipibu, talvez como um outro sujeito, de bigodinho, na Alemanha, tentou fazer com os judeus, homossexuais, negros, etc e, de outro, uma figura emblemática e silenciosa que, ladeada por crustáceo, sucumbe paulatinamente nas próprias mentiras e no veneno derramado sobre as gentes, por sua madrinha e patroa.

É um tempo tenebroso o que se avizinha. Tempo em que teremos que escolher entre o cerceamento das liberdades de nossa gente ou o marasmo da omissão, do nepotismo escancarado e da desgovernança.

O que nos resta? Escolher entre a cruz e a espada.
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