Por Brenda Lívia*
É de praxe saber das obrigações Estado / cidadão. Sabe-se,
também, da contínua irresponsabilidade estatal, seja qual for a área em debate.
Uma das problemáticas que a nossa sociedade enfrenta, inatual, é a consoante
violência para com crianças e adolescentes; violência oriunda tanto do governo
federal quanto da população em geral, direta ou indiretamente. Indiretamente
por haver mais de 800 mil crianças fora da escola, em um país dito democrático,
porém cheio de falácias, advindas dos setores mais ricos da economia, os quais,
não preconizam o bem estar social. Diretamente, por o país não garantir as
condições necessárias para a devida qualidade de vida dessas crianças.
Na Somália, a realidade é drástica. Mais de 29 mil crianças
com menos de 5 anos, já morreram de fome e o mundo se volta para um problema
tão irrisório como o caso de uma mulher que leiloa a virgindade. Nós fechamos
os olhos para a realidade e passamos a valorizar apenas àquilo que nos atinge.
Como bem enfatizou Max Gonzaga, com a música
Classe média, as pessoas não valoram os fatos sociais enquanto eles não
as alcançam. A fome, a miséria, o abandono de crianças não dão tanta audiência
quanto a exploração do corpo da mulher; a mídia não faz referência quantitativa de crianças e jovens
em desprezo total da sociedade, levando ao povo, vontade de mudança. Mas sim, a
novela das 19h e os programas de venda de senha para entrar no céu, estão
sempre ativos quando ligamos os nossos equipamentos televisivos.
Ademais, a maioria dos brasileiros desconhece das leis que
nos regem e nos protegem, constitucionalmente. De acordo com o artigo 4° da
Constituição Federal, é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral
e do poder público, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e
comunitária. Então, faço a seguinte questão ao poder público: Onde está a
prioridade desses direitos? Na construção de estádios de futebol para uma copa
do mundo que não é do mundo? No extravio de recurso público para o bolso dos
grandes empresários? E como fica o discurso bonito de candidatura, “metas para
erradicar a pobreza”?; não podemos maquiar as desigualdades e enfeitar a cidade
de falsos ideais, para que fique bom aos nossos olhos e aos dos eventuais
turistas que apareçam, temos que dar visibilidade à gritante situação da
sociedade brasileira.
Em suma, o mundo precisa de ajuda, a começar do nosso país.
Precisamos ver além do que nos mostra a imensa ditadura capitalista,
necessitamos valorar o bem estar social e priorizar o que é bom para todos. Se
as nossas crianças, hoje abandonadas, precisam de políticas de melhoria, não
deixemos que os nossos representantes joguem dinheiro público pela janela,
investindo num evento que abandona a sociedade e enche os bolsos das grandes
empresas.
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*Brenda Lívia - estudante de engenharia florestal e direito.
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