Por Heitor Scalambrini Costa*
Naqueles
anos, de triste recordação para o povo brasileiro, mal assumiu o governo, Fernando
Henrique Cardoso (FHC) enviou ao Congresso um projeto de emenda constitucional
que visava acabar com o monopólio da Petrobrás sobre a exploração e produção de
petróleo.
Em
3 maio de 2013 completou 18 anos da histórica e heróica greve de 32 dias dos
petroleiros, que em plena era FHC, foi fundamental como movimento de
resistência para impedir a privatização da Petrobrás (ou PetroBrax como se
chamaria). Naquele ano de 1985 foi autorizado pelo presidente da Republica que
o exercito com tanques, metralhadoras e militares ocupassem as refinarias e
reprimissem os trabalhador@s.
A
Federação Única dos Petroleiros (FUP), que liderou este movimento, acabou
despertando um movimento nacional de solidariedade resultando no grito único de
que “somos todos petroleiros”. Um alto preço foi pago, resultando na demissão de
muitos trabalhador@s, e de multas astronômicas para os sindicatos ligados a
FUP. Com toda repressão a luta valeu a pena, e a Petrobrás não foi totalmente
privatizada.
Agora,
novamente, os petroleiros mostram o caminho em uma greve
contra o leilão do Campo de Libra, na Bacia de Santos - a primeira licitação de
área do pré-sal. Libra não é um mero campo, é um reservatório totalmente conhecido,
delimitado e estimado em seu potencial de reservas em barris. Ou seja, esta
área não é um bloco aonde a empresa petrolífera irá “procurar petróleo”.
Constitui na maior reserva comprovada de petróleo brasileiro no pré-sal,
descoberto pela Petrobrás em 2010, e uma das maiores descobertas mundiais dos
últimos 20 anos, possuindo entre 12 e 14 bilhões de barris de petróleo (equivalente
a dois terços das atuais reservas brasileiras).
No dia 17/10 a presidente Dilma
Rousseff assinou um decreto que autoriza o envio, além das tropas do
Exército, homens da Força Nacional de Segurança, da Polícia Federal (PF) e da
Polícia Rodoviária Federal (PRF) para
garantir (?) a realização do leilão da área de Libra, que ocorrerá na segunda-feira
(21/10) no Windsor Barra Hotel, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de
Janeiro. O Ministério da Defesa coordenará as ações com apoio do Ministério da
Justiça, em
uma operação denominada de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e será executada
pelo Comando Militar do Leste, que contará com mais de 1.100 homens. Não está
descartada a possibilidade de reforço da Marinha e até da Aeronáutica.
Mais
uma vez a presidente Dilma decidiu imitar FHC, pois além de privatizar o
petróleo, chama o exercito contra aqueles que denunciam o entreguismo, como o
tucano fez em 1995. Além disso, alimenta a judicialização e a criminalização
por parte da mídia. Sem dúvida ficará para a história pelo uso do exército,
contra os manifestantes que defendem os interesses nacionais.
Contra
os leilões do petróleo e pela soberania nacional. O petróleo é nosso.
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* Heitor Scalambrini Costa é professor da Universidade Federal de Pernambuco
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