Outro dia, em uma dessas tantas idas e vindas pela ponte asfáltica Mipibu/Natal, eis que deparo-me com um velho conhecido e trabalhador autônomo do ramo das vendas circulares, popularmente conhecido como ambulante.
Em um breve lapso de tempo e troca de sorrisos sinceros entre amigos, enquanto o semáforo dita o ritmo das nossas vidas, dois dedos de prosa instantânea se estabelecem.
- Meu amigo!
- Como estão você e a família?
- Tudo bem!
- Como estão as vendas?
- Muito boas! Já vendi muitas unidades hoje e esta semana tem sido assim todos os dias.
- Sabe quem passou por aqui esses dias?
- Não!
- A galega.
- Quem?
- Da pelanca.
- Verdade?
- É! Ela até me reconheceu e, como nunca antes havia feito, ao sair, disse: "Vai sábado lá em casa!" Estranho não?
- Acontece! A vida é assim. As pessoas mudam e não há melhor antídoto para a arrogância do que uma boa queda, principalmente quando se cai do poder.
- É mesmo! Esses anos todos ela passava e virava a cara.
- Agora, sozinha, deve estar sentindo falta dos xirimbabas que a rodeavam.
- É mesmo! O grande mipibuense Luá, irmão de Nicinho, há muito nos ensinava: "Do jeito que são as pessoas são as criaturas!"
- E o que ele queria dizer?
- Até hoje não consegui descobrir.
- Eita!
- Amigo ...
- Diz!
- O semáforo ...
- Vai, vai, depois a gente se fala!
- Leve meu abraço à família.
E um aceno pelo retrovisor encerrou o nosso diálogo.
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(Autor: Perceval Carvalho)
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