As coisas da política e dos candidatos algumas vezes nos fazem rir, pelo teor hilário que muitos agregarm às suas campanhas eleitorais.
Conversando com uma eleitora de um vereador eleito e muito metido a esperto, de uma cidadezinha do interior, a quem aqui chamaremos de Falácio, ouvimos esta pérola da nossa cena política.
Dizia-nos a eleitora, em tom de deboche e rebeldia, que jamais votaria no seu candidato novamente, pelos motivos que passamos a narrar.
Em tempos de campanha eleitoral, quando tudo se pode e todos os candidatos são ricos, Falácio, volta e meia, visitava as suas eleitoras e, entre um gole de café e uma prosa, comentava: "Minha filha, parece que eu estou vendo você, vestida com a farda da câmara, trabalhando ..." E com essa maciota Falácio enchia de vento as consciências daquelas famílias.
E casa sim, casa não, ele repetia a mesma conversa: "Minha filha, estou vendo você com a farda da ..." a mesma ladainha.
E tome estrada, haja promessa e o eleitorado enchendo o papo de vento.
Superada a eleição e havendo sagrado-se eleito pelo sufrágio universal, o edil some, vira gás, desaparece. Ninguém mais o vê, as estradas ficam vazias e nem vento chega às outroras tão visitadas residências.
Eis que, cheia de esperança e inconformada com o abandono, a nossa narradora procura o vereador falácio, em seu gabinete, para tirar satisfação. Ante a explosão de ira e arrependimento da eleitora, Falácio resolve remendar o buraco e dispara: "Minha filha, os tempos são outros. Você sabe como é, tem que ter concurso e a casa está sem dinheiro!"
Indignada com as mentiras desmascaradas, a eleitora rebate: "Eu nunca mais voto em você!"
Esta cena nos é mais comum do que, como dizia o filósofo autodidata mipibuense Luiz Fumanchú, necessidade em casa de pobre.
E o vereador Falácio está por aí, com o bolso recheado de oncinhas e peixinhos verdes, preparando a arapuca para capturar outras desavisadas.
