O assunto publicado aqui nO Mipibuense, em primeira mão e versando sobre o processo de aluguel das instalações do Instituto Pio XII ao poder público, para funcionamento de salas de aula, inflamou as opiniões e já chegou as redes sociais.
Quem navega pelo Facebook já deve ter visto algo sobre o assunto. Até uma campanha contrária ao aluguel da escola já foi iniciada e está mobilizando adeptos.
Na verdade, o tema tem gerado tantas vibrações, o que é bom para o jornalismo público, em razão da total ausência de esclarecimentos sobre o processo. Isso é que não é bom!
Particularmente, entendemos que o fato de disponibilizar às nossas crianças, destaque-se que na sua grande maioria são filhos e filhas das famílias mais humildes, uma boa estrutura, boa localização, biblioteca, área de recreação, tudo isso em plenas condições de uso e para benefício daqueles e daquelas que, como a maioria de nós jamais tiveram acesso a estes serviços, significa dizer aos milhares de mipibuenses que é possível dar boa qualidade de ensino aos filhos da pobreza. Aos trabalhadores e trabalhadoras em educação que lá poderão trabalhar, significa a melhoria das condições de trabalho tão frenquentemente cobrada em todas as assembléias da categoria.
Historicamente, mesmo em sua maior crise, o Instituto Pio XII, uma estrutura muito boa, tem sido um lugar para usufruto de muito poucos. A grande maioria de nós, os simples mortais, limitamo-nos a contemplar sua fachada, suas palmeiras imperiais ou, de tempos em tempos, seu interior nos dias de eleição.
O cantor popular Zé Ramalho não poderia ter sido mais feliz ao cantar "Tá vendo aquele colégio moço? Eu também trabalhei lá! Lá eu quase me arrebento. Fiz a massa, pus cimento, ajudei a rebocar. Minha filha inocente vem pra mim toda contente: pai vou me matricular! Mas, me diz um cidadão: Criança de pé no chão aqui NAO PODE ESTUDAR!" E, talvez, quem sabe, até mesmo sem perceber a dimensão histórica do próprio ato, o governo municipal, feito um Robin Hood moderno, lança mão de seu poder e, como em um passo de mágica, transforma o sonho de tantos e tantas, que morreram e outros e outras que ainda vivem apenas contemplando a fachada e as palmeiras imperiais, em realidade.
O gestor, eleito legítima e democraticamente, assim como um libertador, está prestes, se não já o fez, a romper com séculos de apartheid educacional. Oportunizando aos filhos e filhas da pobreza, que são milhares, um lugar digno para estudar.
E uma professora, já aposentada, indagava: "Porque que os filhos de pobre não podem estudar lá? Será que não são dignos? O dinheiro que vai pagar o aluguel é deles mesmos. Porque?"
O grande mestre e educador Paulo Freire disse: "Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina." Cremos que é esta a nossa grande lição. Romper as barreiras e superar os desafios. Buscar o horizonte que nos chama a descortiná-lo.
No mais, aguardar o futuro que nos convida.
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