Andreas Solaro/Ap/EcDurante cerimônia de cumprimentos de fim de ano, em vez do tradicional “boas festas”, Francisco apresentou 15 pecados da Cúria
Ele deu alguns exemplos, como o “terrorismo da fofoca” que pode “matar a reputação de nossos colegas e irmãos a sangue frio”. Como panelinhas podem “escravizar seus integrantes e se tornar um câncer que ameaça a harmonia do organismo” e eventualmente matar por “fogo amigo”. Os que vivem vidas duplas de forma hipócrita foram descritos pelo papa como pessoas com “um típico vazio espiritual, medíocre e progressivo, que nenhum grau acadêmico pode preencher”.
“A Cúria é convocada sempre para melhorar-se e crescer em comunhão, santidade e conhecimento para cumprir a sua missão”, disse Francisco. “Mas mesmo ela, como qualquer organismo humano, pode sofrer de indisposições, disfunções, doenças.”
Francisco, que é o primeiro papa latino-americano e nunca havia trabalho na Cúria, dominada por italianos, não se intimidou ao reclamar sobre a fofoca, o carreirismo e as intrigas do poder burocrático que afligem a Santa Sé. Mas, na medida em que sua agenda ganha força, ele parece ainda mais encorajado para destacar o que aflige a instituição.
Os cardeais não pareciam felizes. O discurso foi recebido com aplausos mornos e poucos sorriam na medida em que Francisco listava, uma a uma, as 15 “doenças da Cúria”, que ele elaborou, com notas de rodapé e referências bíblicas. Os cumprimentos de Natal acontecem num momento tenso para a Cúria, a administração central da Santa Sé, responsável pela igreja, que tem 1,2 bilhão de fiéis.
Francisco de seus nove cardeais conselheiros elaboraram projetos para renovar toda a estrutura burocrática, fundindo escritórios para torná-los mais eficientes e adequados. As finanças do Vaticano também estão no meio de uma reformulação O responsável pelas finanças, cardeal George Pell, tem imposto novas medidas de contabilidade e orçamento para as congregações, tradicionalmente independentes, que não estão acostumadas a ter seus livros inspecionados.
Francisco começou sua lista com “a doença de sentir-se imortal, imune ou mesmo indispensável”. Então, ele citou uma a uma: ser vaidoso, querer acumular coisas, ter um “coração endurecido”. Cortejar os superiores para obter ganho pessoal e ter uma “expressão facial de funeral”, além de ser muito “rígido, inflexível e arrogante”, especialmente em relação a subordinados, uma possível referência a um comandante da guarda suíça, recentemente demitido, que era muito duro com seus recrutas na opinião do papa.
Francisco criticou os que trabalham muito e planejam as coisas com muita antecedência, já que os que não têm tempo para a família são estressados demais e os que planejam muito não se permitem ser surpreendidos pela “frescura, fantasia e novidade” do Espírito Santo. “Como é bom para nós ter um saudável senso de humor”, disse ele.
No final do discurso, Francisco pediu aos prelados que rezem para que os “ferimentos e pecados de cada um de nós tem sejam curados” e que a igreja e a própria Cúria sejam mais saudáveis.
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