quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Ex-secretário do PT diz que tinha hábito de guardar dinheiro vivo

O ex-deputado federal André Vargas (ex-PT/PR) negou à Justiça Federal, nesta quarta-feira, 14, que
tenha ocultado propina na compra da casa de quase R$ 1 milhão em que mora em Londrina (PR). Ele afirmou ao juiz Sérgio Moro – que conduz os processos da Operação Lava Jato – que parte dos valores do imóvel foi pago em espécie porque ele tinha costume de guardar dinheiro vivo em seu escritório.
“O senhor tinha esse costume de guardar dinheiro em seu escritório?”, questionou o juiz.
“Quando eu tinha dinheiro, sim”, respondeu Vargas.
O ex-deputado é réu em processo por lavagem de dinheiro na compra do imóvel. Ele já foi condenado em outro processo da Lava Jato, acusado de receber propina em contratos do governo. André Vargas está preso desde 10 de abril, alvo da Operação A Origem, 11.ª etapa da missão que desmantelou esquema de corrupção instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014.
Vargas foi um quadro importante do PT enquanto exercia o mandato de parlamentar – foi secretário de Comunicação do partido e chegou à vice-presidência da Câmara dos Deputados. Foi cassado em 2014. Vargas declarou a compra do imóvel por R$ 500 mil, segundo consta da escritura. Mas o vendedor, em sua declaração de rendimentos, declarou o negócio por R$ 980 mil, “preço integralmente recebido em 2011″.
O imóvel,sequestrado por ordem do juiz Moro, custou efetivamente R$ 980 mil, disse Vargas. A investigação aponta que “parte significativa” do preço foi depositada em dinheiro na conta do vendedor – R$ 225 mil em 13 de maio de 2011, R$ 43,2 mil em 17 de maio de 2011, e R$ 95 mil em 25 de novembro de 2011.
Segundo o Fisco, não há correspondência dos valores de débito nas contas de André Vargas com os pagamentos feitos pelo imóvel, “o que é indicativo de que eles não transitaram em suas contas correntes”.
“A realização de transações vultosas em espécie não é ilícita, mas trata-se de expediente usualmente utilizado para evitar rastreamento de dinheiro sem origem lícita”, escreveu Moro, em decisão anterior sobre a medida cautelar.

“Os depósitos que o senhor fazia, porque não fazia transferência bancária?”, questionou Moro.
“Opção pessoal”, respondeu o ex-deputado.
Segundo Vargas, os valores usados para compra da casa tiveram origem em “suas economias, a venda de um sítio e seus rendimentos como deputado”.
“A origem são economias pessoais, a venda de um sítio e as movimentações financeiras na minha conta, todos do meu salário. Como eu disse para o senhor, eu ganhei R$ 3,5 milhões ao longo desse período todo (de vida pública). Guardava dinheiro em especie para o momento oportuno, fiz a venda do sítio.”
Vargas negou mais de uma vez recebimento de propinas. “Em nenhum momento, nenhum recurso ilícito entrou na conta corrente ou mesmo foi movimentado por mim, em nenhum momento. Todos que me conhecem sabem disso”, afirmou.
Segundo o ex-secretário de Comunicação do PT, a Lava Jato “transforma contatos dentro do limite institucional com empresários em crime”.
“Em nenhum momento eu extrapolei os limites institucionais de minha atuação parlamentar, nem como vereador, nem como deputado estadual, nem como deputado federal. Mas em nenhum momento eu deixei de atender os empresários que pleiteavam coisas justas no nosso País, muito especialmente do Paraná”, afirmou Vargas.
“Poderia listar 10, 15, 20 empresários, dentro do limite institucional. Mesmo que, por vezes, pareça notadamente na Operação Lava Jato que as relações empresariais sejam aparentemente apresentadas como todas criminosas isso não ocorreu da minha parte.”
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Fonte: http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/ex-secretario-do-pt-diz-que-tinha-habito-de-guardar-dinheiro-vivo/

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