quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

"Criança de pé no chão aqui não pode estudar!"

O assunto publicado aqui nO Mipibuense, em primeira mão e versando sobre o processo de aluguel das instalações do Instituto Pio XII ao poder público, para funcionamento de salas de aula, inflamou as opiniões e já chegou as redes sociais.

Quem navega pelo Facebook já deve ter visto algo sobre o assunto. Até uma campanha contrária ao aluguel da escola já foi iniciada e está mobilizando adeptos.

Na verdade, o tema tem gerado tantas vibrações, o que é bom para o jornalismo público, em razão da total ausência de esclarecimentos sobre o processo. Isso é que não é bom!

Particularmente, entendemos que o fato de disponibilizar às nossas crianças, destaque-se que na sua grande maioria são filhos e filhas das famílias mais humildes,  uma boa estrutura, boa localização, biblioteca, área de recreação, tudo isso em plenas condições de uso e para benefício daqueles e daquelas que, como a maioria de nós jamais tiveram acesso a estes serviços, significa dizer aos milhares de mipibuenses que é possível dar boa qualidade de ensino aos filhos da pobreza. Aos trabalhadores e trabalhadoras em educação que lá poderão trabalhar, significa a melhoria das condições de trabalho tão frenquentemente cobrada em todas as assembléias da categoria.

Historicamente, mesmo em sua maior crise, o Instituto Pio XII, uma estrutura muito boa, tem sido um lugar para usufruto de muito poucos. A grande maioria de nós, os simples mortais, limitamo-nos a contemplar sua fachada, suas palmeiras imperiais ou, de tempos em tempos, seu interior nos dias de eleição.

O cantor popular Zé Ramalho não poderia ter sido mais feliz ao cantar "Tá vendo aquele colégio moço? Eu também trabalhei lá! Lá eu quase me arrebento. Fiz a massa, pus cimento, ajudei a rebocar. Minha filha inocente vem pra mim toda contente: pai vou me matricular! Mas, me diz um cidadão: Criança de pé no chão aqui NAO PODE ESTUDAR!" E, talvez, quem sabe, até mesmo sem perceber a dimensão histórica do próprio ato, o governo municipal, feito um Robin Hood moderno, lança mão de seu poder e, como em um passo de mágica, transforma o sonho de tantos e tantas, que morreram e outros e outras que ainda vivem apenas contemplando a fachada e as palmeiras imperiais, em realidade.

O gestor, eleito legítima e democraticamente, assim como um libertador, está prestes, se não já o fez, a romper com séculos de apartheid educacional. Oportunizando aos filhos e filhas da pobreza, que são milhares, um lugar digno para estudar.

E uma professora, já aposentada, indagava: "Porque que os filhos de pobre não podem estudar lá? Será que não são dignos? O dinheiro que vai pagar o aluguel é deles mesmos. Porque?"

O grande mestre e educador Paulo Freire disse: "Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina." Cremos que é esta a nossa grande lição. Romper as barreiras e superar os desafios. Buscar o horizonte que nos chama a descortiná-lo.

No mais, aguardar o futuro que nos convida.
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2 comentários:

Anônimo disse...

comprar no comercio os pobres são "consirados" pessoas dignas, mais estudar juntos com os filhos dos comerciantes são considerados depredadores, arruaceiros, maginais, etc... e ainda tem cara de pau de dizer que não é preconceito?? isso mostra a crueldade humana, agora vem dizer que estão protegendo a historia, realmente a escola tem uma historia mais alguns acabam de sujar com tanto preconceito...Nas intrelnhas e falas da reunião que aconteceu naquela escola a falta de humanismo e compreensão... o absurdo maior um pai dizer que vai fazer campanha para o pobre não estudar naquela escola.... Ele pode até dizer o contrario, mais a prefeitura estava querendo a lugar para os alunos do municipio que estão sem lugar e não tem condições de pagar escola particular.Uma escola com muitas salas fechadas é preferivel elas mofar, continuar do jeito que está do que dá para o pobre estudar....Parabens.... pergunto: voces estão "realmente" aplicando o que a biblia ensina????hipocritas! estou indgnado com tal atitude de alguns.

José Silva disse...

Concordo com o comentário do anônimo (07/02 - 07:33), com um detalhe: Ali não estuda filho de rico não, só estuda filho de gente que tem um pouquinho de condição a mais que outros (com todo respeito, pobre metido a besta, querendo ser rico sem ser), pois aqui nesta cidade poucos têm condições para se dizerem ricos. Se fossem realmente de boas condições, com certeza eles mesmos não queriam passar nem perto do Pio XII, pelo contrário, mandariam seus filhos, no mínimo, estudarem em um bom colégio na capital, ou até no exterior, quem sabe...

Esses que estão se sentindo "ofendidos", já que se acham com muita condição financeira ou outra qualquer, deveriam aceitar que o colégio aumentasse as mensalidades para cobrir todas as despesas e sanar as dificuldades enfrentadas. No entanto, com certeza seriam os primeiros a reclamar caso isso acontecesse, ou seja, uma proposta para aumento das mensalidades a ponto de resolver o problema.

Vamos deixar de fazer celeuma sem necessidade...

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